quarta-feira, 20 de maio de 2009

alguém que passou por cá

benze-se em tons de negro, é a inevitabilidade que o destino lhe reservou, avança para o microfone. há um peso que traz dentro dela, o corpo pesa-lhe os movimentos presos pela gravidade que guarda. no fado a voz é coerente com o corpo, torcido e sofrido, cumprindo a voz a função de libertação e fuga até ao último suspiro num esgar de dor. a postura do corpo curvado e prostrado, suspenso e suportado pelo tripé do microfone onde só a voz se esvai, reluzente no brilho dos sons, libertando a dor e maus espíritos que lhe pesam. a actuação funda-se nessa desenraização dos espíritos, de tristezas e frustrações plenas, a entrega é verdadeira e cheirosa de honestidade sepulcral praticada e revertida em palavras por outros escritas que casam com a voz sublime e curtida de vícios de Cristina Branco.

espantados os espíritos pelo menos por mais uma noite.

é menos uma noite na espera.

6 comentários:

mar!ana disse...

Gosto muito mais desta versão da Cristina Branco (d'"O Meu Amor"), mas tenho que confessar que a certa altura ficaria engraçado que ela tocasse nos ritmos da versão do Chico.

scavenger disse...

bem aventurados, são os que conseguem fruir de igual forma das duas versões. acho que tu e eu nos enquadramos nesse escalão. :)

Anónimo disse...

*_*

scavenger disse...

que andas a beber??

Anónimo disse...

refresh ^^

scavenger disse...

isso bate?